domingo, 31 de maio de 2009

¡El grito!

Em um desses acessos de tentar ser uma pessoa melhor e romper velhas barreiras, decidi escutar “scream”, terceiro disco solo do Chris Cornell (ex-soundgarden, ex-audioslave e atualmente ex-ele mesmo). Para os desavisados, sim, Chris Cornell é aquele cara que parece uma versão gringa do Dinho Ouro-Preto quando está em cima do palco. Deixando de lado comparações infames, desde quando soube que este novo trabalho de Cornell seria produzido pelo Midas do R&B barato, entenda-se Timbaland, eu havia adiado essa audição ao máximo que pude. Pois bem:

Ironicamente, a expressão ‘scream’ traduzida é o que dá vontade de fazer quando você percebe a dimensão da porcaria auditiva à qual você se submeteu.
O disco cumpre bem a função de apresentar em 13 faixas que Cornell oficialmente cometeu um grande erro na carreira. Soa engraçado que todas as produções de Timbaland sejam aclamadas como arrojadas pela crítica-mainstream, afinal a mesma base da música “Apologize” (tocada de forma exorbitante nas fm’s chicletes) serve como modelo para todas — não é exagero, são todas mesmo — as músicas produzidas por ele. De One Republic à Nelly Furtado. É só ouvir e constatar.

"scream"- vontade de produzir algo menos clichê ou de malhar a guitarra no chão de vez?


Ok, o papel do artista é fazer arte, mas convenhamos que esse conceito não se aplica de forma veemente quando o artista já está com mais de 20 anos de carreira. É hipocrisia fingir que o público não espera dele algo que não seja ‘mais do mesmo’ e isso de modo algum quer dizer que o artista seja menor: é isso que ele se propôs a fazer no início de carreira e é isso que as pessoas querem dele. Sem grandes necessidades de mitificar o processo. Não se sabe ao certo se Cornell queria ser mais pop (afinal, já dava indícios discretos dessa vontade nos álbuns solos anteriores) ou se queria fazer algo mais experimental com sua carreira solo, mas o resultado dessa aposta é inegavelmente desastroso.

Fã de Cornell após a audição do novo disco
Não há muitas diferenças entre as faixas e a sensação é de que você está ouvindo a mesma música por diversas vezes, pois os samplers de sons bizarros, os vocais com efeitos que só dizem “iê” entre os pré-refrões e a percussão, que soa mais como batuque, marcada no mesmo compasso são itens presentes em todas elas praticamente. Das que poderiam servir para salvar o disco, somente “Other side of town” e “Climbing up the walls”- que só são as 'menos ruins' porque são as únicas que apresentam um som ‘orgânico’ de bateria e doses homeopáticas de guitarras (mas ainda assim, são guitarras, o que para esse disco soa como um grande feito).
Embora que precisar ser salvo por duas músicas que se encaixam na categoria ‘menos ruim’ não faça parte do feitio dos discos de Cornell, essa é a realidade desse album.

Nota: menos 2 com louvor

Não coloquei links para nada referente ao trabalho novo porque realmente não vale a pena gastar seus bites com isso. Mas para lembrar o Chris Cornell solo dos bons tempos, é melhor ficar com o cover de “Billie Jean” de quando ele ainda mandava bem na hora de organizar o conceito de um disco. No mais, só nos resta rezar para que o bom e velho Chris acorde desse pesadelo.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Entrevista dos sonhos

Assim como 100% dos mortais, essa cabeça aqui também voa. Na verdade um plano profissional – que não implica em se tornar verdade ou não — é entrevistar algumas pessoas famosas, quase isso, ou longe disso (é, anônimos também dão boas pautas). Aliás, uma mania de jornalista é fazer listinhas, mesmo que só mentalmente, sobre possíveis entrevistados que certamente renderiam um bom material, e que, acrescentariam na bagagem do leitor algo muito inútil, mas em contrapartida, seria um bom entretenimento e despertaria questionamentos que nunca inspirariam um livro de filosofia.
Um dos entrevistados que volta e meia me vêm à mente são Potiara e Potiguara de Oliveira. Caso não se lembre, elas ficaram conhecidas como Pepe e Neném. Caso insista em não lembrar, volte ao fim dos anos 90 e visualize aquela entrevista com duas irmãs-cantoras no Programa do Jô Soares (que ainda tinha o título horrível de “Jô Soares onze e meia” e era exibido pelo SBT).
Só de imaginar o começo da carreira da dupla já é possível vislumbrar o que estaria por vir: duas irmãs pobres, que tinham o sonho de viver de música, cantando “I will always love you” (cráááááááááássico do repertório dos calouros do Raul Gil) em um inglês inventado de improviso, em um programa de TV de abrangência nacional e mais: ainda tendo o reconhecimento geral da nação!! É claro que elas viraram sucesso. A partir de então, seguiram em rumo meteórico ao estrelato: contrato com gravadora multinacional, 150 mil cópias vendidas, aparições em todos os programas de domingo, revistas de fofoca e tudo o que se tem direto quando se é um popstar.
Não se sabe se o mainstream só precisava de uma versão feminina de Claudinho e Bochecha, mas lá estavam Pepe e Neném, entoando playbacks de músicas compostas aos quilos pelos ‘compositores profissionais’ – contratados pelas gravadoras para serem hitmakers e rimar amor com dor em 12 faixas incessantemente — em programas de auditório de todos os canais.

A imagem que passavam era de que finalmente as irmãs, que costumavam imitar as coreografais de Michael Jackson enquanto o assistiam na tv preto e branco na casa da avó, haviam vencido, não importando o que isso quer dizer.

DESTINO INSÓLITO
No segundo disco da dupla elas assassinaram “Wild world”, transformando “Oh, baby, baby, it's a wild world/ It's hard to get by just upon a smile” em “Uh! Baby Baby, nada/ Me faz esquecer da nossa história” (serria esse o motivo de Cat Stevens ter virado muçulmano?). Depois de um chá de sumiço, voltam aos holofotes, mas dessa vez (em 2001), denunciando terem sido enganadas pelo ex-empresário, que teria roubado todo o dinheiro que veio como resultado dos dois discos de sucesso. Além disso, uma briga (que não consigo situar cronologicamente na história) entre elas, abalou a parceria musical.
Hoje, após toda a saga do “eu era pop” as irmãs se apresentam em bares com um repertório que além de seus clássicos interpretam músicas de outros artistas. E agora, livres da obrigação de parecer um produto das tardes de domingo, elas encaram um visual mais...mais...hum...livre. Pepê agora apresenta um cabelo à base de chapinha, já Neném adotou um visual mais “Cássia Eller”. Alguém ainda tem dúvidas de que elas sejam sinônimo de uma puta entrevista?

Visual novo: quem te viu, quem te vê, hein?


No episódio de hoje lembrei de duas palavras: Notícias Populares.
Engraçado como depois de um tempo que você opta por um caminho, você começa a resgatar tudo relacionado ao assunto em questão presente na sua vida.Bom, uma das minhas primeiras lembranças com relação ao jornalismo —além das revistas “Herói” que eu comprava na banca perto de casa por R$1,90 — foi o Jornal “Notícias Populares”.Lembro que na minha brejeirice de criança ele era engraçado, tinha coisas interessantes e sempre dava pra recortar alguma coisa nele.Costumava guardar as matérias que falavam sobre os programas de TV que eu gostava. Nesse balaio havia coisas dos “Cavaleiros do Zodíaco”, “Castelo Ra-Tim-Bum”, uma imagem do “Glub-Glub” (coisa rara de sair em jornal) e tudo que passava naquela caixa mágica pela qual eu atualmente conservo certo distanciamento e um leve repúdio.
Ok, sei que o que vou escrever agora não é uma coisa legal de se admitir, eu sei que provavelmente vai passar a imagem de que eu era um depravado juvenil, mas a minha coluna preferida era a “Tudo sobre sexo” (Assinada pela Rosely Saião). Lá, eu lia muita escabrosidade e que mesmo com meus cerca de dez anos, já sabia que era um bando de bizarrice em forma de cartas de leitores e leitoras sem muita noção do ridículo (e da realidade).Lembro do caso da menina que ouviu um inseto assoviar e jurava que tinha engravidado por isso, um cara que gostava de usar roupas íntimas femininas com a esposa e até mesmo outro de um menino que era molestado pela mãe enquanto o pai saia pra trabalhar à noite. Os desenhos também me ajudaram a marcar os principais casos.AH!! As manchetes também eram ótimas (ok precisei recorrer ao Google pra exemplificar): “MAIS 7 VIRAM O BEBÊ-DIABO”, “MATOU O VIZINHO E CIMENTOU-O NA PAREDE”, “BALA PAROU O GOZO DO MULHERÃO” e a inesquecível “BROXA TORRA PÊNIS EM TORRADEIRA”. ahahhahahaa. Bons tempos da infância.
Vasculhando os vestígios do NP na internet para um trabalho de iniciação científica que não vou mais fazer, encontrei esse documentário feito por alunos da PUC-Campinas.
O trabalho está dividido em três partes e aqui segue o link para a primeira parte:



Entre uma ‘twittada’ e uma ‘orkutada’ sempre procuro dar prints nos sites que visito, principalmente os mais populares. Tenho certeza que algum dia isso vai render boas risadas na mesa de algum bar enquanto mostro isso no celular/palm/ou sei lá o que vamos usar daqui uns 20 anos.
Imagine a cena: — "Poxa cara, você lembra de quando precisava de convite pra entrar no orkut?” — e o outro cara responde:
—“Nossa e você lembra quando começaram a colocar aqueles recursos toscos da época que todo mundo tinha e hoje morre de vergonha de lembrar, tipo o 'buddypoke' e o 'sou torcedor', não lembro o nome daquilo, mas era aquele que aparecia sua foto numa carteirinha tosca? hahahahaa, meu buddy tinha o cabelo azul -coisa besta- e vivia dando cantadinhas em quem eu tava afim de catar”.
— "Ah sim!!E quando lançaram o gadget da Pizza 1 que dava pra pedir pizza com a sua conta do Google? Todo mundo ficou idiota com esse”.
—"É verdade, como o tempo passa rápido né?, hoje em dia isso é normal. Nossa me lembrei agora que eu quis ser jogador de futebol quando era adolescente".
—"AH é? E eu que fui emo!"… Enfim, pra começar eis aqui uma pequena amostra do que já é visivelmente…velho.




¡Hola!

¡Bienvenido(a)s!
Esse é um blog nascido de uma vontade gestada há certo tempo de criar algo melhor em relação aos que já fiz, até porque os outros que fiz eram bem ruinzinhos, e de ter um fluxo mais constante.Na verdade ele não é só isso. É também resultado de um feriado sem programação, movido ao tédio e bisnaguinhas de marca genérica com requeijão.Analisando bem, descobri que é viável manter um blog com uma periodicidade regular -nada de “ócio profissional” como vem acontecendo com alguns nomes do mainstream da internet tupiniquim-, e que, além disso, serve como um exercício para essa mente farta de adubo fértil pronto para ser despejado na árvorezinha virtual dos blogs (ridícula a comparação, eu sei, mas foi o melhor fechamento que pude dar).Sinta-se à vontade para discutir receitas de bolo, discordar do ângulo em que a roda-gigante para, elogiar ou mesmo ameaçar (iria colocar “ameaçar de morte”, porque eu sou do tempo em que se falava que alguém corria ‘risco de vida’, mas é pleonasmo).
Y otra vez: ¡Bienvenido(a)s!